Ciência

Ciência e religião
O pensamento religioso e o pensamento científico perseguem objetivos diferentes, mas não opostos. A ciência procura saber como o universo existe e funciona desta maneira. A religião procura saber porque o universo existe e funciona desta maneira. Os conflitos entre a ciência e a religião produzem-se quando um dos dois pretende responder às questões atribuídas ao outro.
No entanto, para os sociólogos e etnólogos, como Emile Durkheim, a fronteira que separa a ciência do pensamento religioso não é impermeável. No livro Nas Formas elementares da vida religiosa (1912), Durkheim mostra que os quadros de pensamento científico como a lógica ou as noções de tempos e de espaço encontram a sua origem nos pensamentos religiosos e mitológicos.
Contudo, apesar deste parentesco, os discursos científico e teológico frequentemente chocaram-se na história. No cristianismo, o processo de Galileu Galilei, em 1633, marca o divórcio do pensamento científico e o pensamento religioso,[nota 9] iniciado pela execução de Giordano Bruno em 1600.[31] O Concílio de Niceia de 325 tinha instaurado na Igreja o argumento dogmático segundo o qual Deus tinha cria o céu e a terra em sete dias. Contudo, explicações científicas foram possíveis a partir deste credo, que não se pronunciava sobre a produção do mundo. Esta lacuna teológica permitiu certa atividade científica até a Idade Média, entre as quais a principal foi a Astronomia. Concile de Trinta (1545-1563) autorizou as comunidades religiosas a efetuar investigações científicas. Se o primeiro passo em prol do heliocentrismo (que coloca a Terra em rotação em redor do Sol) é feito pelo Nicolau Copérnico, Galileu defronta-se com a posição da Igreja a favor de Aristóteles, e por conseguinte, do Geocentrismo. Foi necessário esperar que Johannes Kepler prolongasse os trabalhos de Galileu e de Tycho Brahe para fazer aceitar o movimento da Terra. A separação definitiva entre ciência e religião é consumada no século XVIII, durante o Iluminismo.
Na maioria das outras religiões, a ciência também não é oposta à religião. No Islamismo, a ciência é favorecida porque ela não existe clero instituído; além disso, o mundo é visto como um código a decifrar para compreender as mensagens divinas. Assim, na Idade Média, a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu a Medicina, a Matemática e principalmente a Astronomia.
No século XIX os cientistas afirmam que a ciência é a única que pode explicar o universo e que a religião é o "ópio do povo", como diria mais tarde Karl Marx, que fundou a visão materialista. Os sucessos científicos e técnicos, que melhoram a civilização e a qualidade de vida, se somam ao progresso científico e batem de frente com os dogmas religiosos em sua totalidade. As teorias da Física (principalmente a Teoria quântica) e da Biologia (com a Teoria da evolução de Charles Darwin), as descobertas da Psicologia (pela qual o sentimento religioso é um fenômeno interno ou mesmo neurológico), superam as explicações místicas e espirituais. Contudo, muitos religiosos, como Pierre Teilhard de Chardin e Georges Lemaître, tentam combinar as explicações científicas e a ontologia religiosa. A encíclica Fides et ratio (1993), do Papa João Paulo II, reconhece que a religião cristã e a ciência são dois modos de explicar o mundo.
No século XX, a confrontação dos partidários da teoria da evolução e dos criacionistas, frequentemente procedentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizam o difícil diálogo da fé e da razão. "O processo do macaco" (a propósito da "ascendência" do homem) ilustra assim um debate permanente na sociedade..[nota 10] Por último, alguns filósofos e epistemólogos interrogam-se sobre a natureza da relação entre as duas instituições. O paleontólogo Stephen Jay Gould em que Darwin seja! fala de dois magistérios, cada um permanecendo mestre do seu território mas não se intrometendo nos assuntos do outro, enquanto que Bertrand Russell menciona na sua obra Ciência e religião os conflitos entre os oponentes.

científico

A mídia de massa enfrenta algumas pressões que a previnem de escolher mais corretamente qual das alegações científicas possui maior credibilidade dentro da comunidade científica como um todo. Determinar o quão forte é cada um dos lados de um debate científico requer um conhecimento considerável sobre o assunto.Poucos jornalistas possuem um conhecimento científico real, e mesmo repórteres especializados no assunto, que sabem muito sobre determinada questão científica, podem saber pouco sobre outras questões que de repente eles precisem cobrir.

Política

Muitas questões danificam o relacionamento da ciência com a mídia e o uso da ciência e argumentos científicos por políticos. Generalizando, muitos políticos procuram certezas e fatos enquanto os cientistas normalmente oferecem probabilidades e advertências. Entretanto, a habilidade dos políticos de serem ouvidos pela mídia de massa frequentemente distorce o entendimento científico para o público. Exemplos na Inglaterra incluem a controvérsia sobre a inoculação MMR e a resignação forçada em 1988 do ministro Edwina Currie por revelar a alta probabilidade que dos ovos batidos conterem Salmonella.

Críticas filosóficas

O historiador Jacques Barzun designou a ciência como "uma tão fanática como qualquer outra na história", e alertou contra o uso do pensamento científico para suprimir considerações sobre o significado da existência humana.[36] Muitos pensadores recentes, como Carolyn Merchant, Theodor Adorno e E. F. Schumacher, consideraram que a revolução científica no século XVII mudou o foco da ciência de estudar e entender a natureza ou sabedoria, passando a focar em questões sobre manipulação da natureza, e esta nova ênfase da ciência levou inevitavelmente à manipulação das pessoas. O focus da ciência em medições quantitativas levaram a críticas que ela é incapaz de reconhecer os importantes aspectos qualitativos do mundo.
O psicologista Carl Jung acreditava que apesar da ciência tentar entender toda a natureza, o método experimental usado iria impor questões artificiais e condicionais que evocariam apenas respostas parciais. David Parkin comparou a estância epistemológica da ciência com a divinação. Ele sugeriu que, assim como a divinação é um meio epistemológico específico para conseguir introspecção em uma dada questão, a própria ciência pode ser considerada uma forma de divinação moldada pelo ponto de vista oriental da natureza (e com isso as possíveis aplicações) do conhecimento.
Vários acadêmicos têm feito críticas em relação à ética na ciência. No livro Science and Ethics, por exemplo, o filósofo Bernard Rollin examinou a relevância da ética para a ciência, e argumenta a favor de fazer a educação em ética parte do treinamento científico.